19/01/2022

MINHAS PREFERIDAS DE MANOEL E DRUMOND

 POESIA:  MANOEL  E DRUMOND E EU 


A Estrela


Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.

Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.

Por que da sua distância
Para a minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Por que tão alto luzia?

E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia.

Manuel Bandeira BANDEIRA, M., Estrela da Vida Inteira, Poesias Reunidas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1973.

Vou-me embora pra Pasárgada [Manuel Bandeira]

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcaloide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

 Libertinagem (1930)

DRUMOND

Poema de Sete Faces

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.

O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus,
pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.

O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.

Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.

Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.

Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.


No Meio do Caminho

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho /no meio do caminho tinha uma pedra. 

Casulo de ouro

Andei pelo quintal

Vi no umbral da porta da minha casa dois casulo cor de ouro,

Eu sabia que dali sairia duas lindas borboletas.

Achei graça em preservar aqueles casulos reluzentes.

Acordei, e lá estava a casca,

As borboletinhas já tinham começado a viver a vida de borboleta em algum lugar do meu jardim.

Dias depois  a  encontro, próximas ao pé da flor sem nome.

Denival Matias,16/07/2013

SEGUINDO PELO "CAMINHOS" DAS LETRAS E PELO LIRISMO DOS VERSOS

 Ainda pequeno amei, como sempre, uma mulher grande e bela, chama-se Mariana.Gostei de bricar e tomar banho nos açudes e lagoas e ir pelas matas em busca de novidades e alimentos. Mau sabia eu que aquilo que mantiinha minha sanidade. Garoto órfão aos 3 anos aos cinco já estava   vivendo sem pai e mãe, mas com uma irmã e uma avóe mais outros irmãos .No pouco que a "vida".Sempre mim oferecia, encantei-me com as "perturbações" humanas que ilumina o lírico criacionismo poético.Estudante, Protestante evangélico  funcionario púplico, Formado em Letras Escritor Poeta talvez Cronista. SE DESEJAR CONVIVERCOM O QUE FAZ PARTE DOS MEUS ARES PODE SEGUIR ESTE BLOG